11 de março de 2014

BBC América explora The Real History of Science Fiction

Se na televisão contemporânea fazem falta mais séries de ficção científica, que dizer de séries sobre ficção científica? Não deixa de ser curioso notar como um género tão popular e capaz de gerar fenómenos de culto tão persistentes acaba por ter uma produção documental bastante discreta. Na memória recente, houve a (excelente) mini-série de oito episódios Prophets of Science Fiction, produzida por Ridley Scott para o Discovery Channel*, e pouco mais. Mas há uma novidade neste campo: a BBC América anunciou ontem a estreia de uma mini-série intitulada The Real History of Science Fiction, com quatro episódios dedicados a quatro temas nucleares do género nos seus vários formatos: Robots, Space, Invasion e Time.

The Real History of Science Fiction terá Mark Gatiss (o Mycroft de Sherlock) como narrador, e pelos seus quatro episódios passará um rol de convidados tão diversificado como notável: escritores como Neil Gaiman, Kim Stanley Robinson, Ursula K. Le Guin e Brian Aldiss; realizadores como John Carpenter, John Landis e Ryan Johnson; produtores e argumentistas como Chris Carter, Ronald D. Moore e Steven Moffat; e actores que se tornaram ícones no género pelas suas personagens, como Keir Dullea, William Shatner, Nathan Fillion, Zoe Saldana, Richard Dreyfuss, David Tennant, Anthony Daniels, Christopher Lloyd, Rutger Hauer e Edward James Olmos, entre muitos outros. Olhando de relance para a lista de convidados, será talvez impossível não reparar como a ficção científica audiovisual parece ser predominante; no entanto, a presença de Gaiman e sobretudo Robinson, Le Guin e Aldiss deixam alguma esperança de que a literatura também venha a estar em destaque, e que seja mais do que uma mera nota de rodapé.

Fonte: Tor.com / BBC America

*Tenho a série completa de Prophets of Science Fiction gravada na box há dois anos - passou no Discovery - para escrever alguns artigos no blogue. Estará para breve. 

4 comentários:

Luis F Silva disse...

Entrevistar realizadores, ainda vá - se bem que deviam incluir os coitados dos argumentistas... mas o Dreyfuss, a Saldana, o Lloyd?... e comparativamente mais do que os autores?... é menos "real history" e mais "royal history" no sentido do "royal with cheese"...

Já agora, as moças começaram a queixar-se de que há gajos a mais, e que o papel das mulheres não vai ser suficientemente destacado...

João Campos disse...

Não vejo problema em incluir no documentário actores que se celebrizaram por papéis em clássicos da ficção científica - o seu contributo foi também relevante, e dada a especificidade do meio acabam por ser o rosto visível do filme ou da série. Exemplo: toda a gente identifica o William Shattner ou o Patrick Stewart numa fotografia ou num vídeo no Youtube; mas quem, fora dos trekkies mais hardcore, identifica o Gene Roddenberry?

Mesmo a série "Prophets of Science Fiction" do Scott acabou por pegar em imensas referências audiovisuais - e dos oito episódios temáticos, apenas um foi dedicado a um realizador (George Lucas); todos os outros incidiram sobre o legado de escritores (Shelley, Verne, Wells, Asimov, Clarke, Heinlein, Dick). Convém talvez lembrarmo-nos de que estamos a falar de televisão...

Luis F Silva disse...

O problema está no título, que é enganador. Se fosse algo do género "Playing roles in SF cinema", nada a questionar. Mas mesmo um "real history" que quisesse limitar-se ao audiovisual faria melhor em incidir sobre realizadores e produtores, pois a maior parte das vezes os actores não têm nada a dizer sobre as decisões (fundamentais) criativas além das conversas e decisões tidas no "set". E posso estar muito enganado, mas a Saldana e o Dreyfuss em particular não me inspiram confiança em termos de conhecimentos profundos...

João Campos disse...

A Zoe Saldana já vai para o quarto papel de destaque em blockbusters de ficção científica ("Avatar", "Star Trek", "Star Trek Into Darkness", e "Guardians of the Galaxy"). Julgo que o ponto será esse. O Dreyfuss participou no "Close Encounters", salvo erro. Serão os melhores actores para falar do género? Apostaria mais no Kurt Russell, com franqueza :) Mas, lá está, não creio que sejam convidados para discursar longamente sobre FC, mas sim para servir de ponte entre o tema do documentário e o público, que reconhece de imediato o rosto. NO fundo, a estratégia não será talvez tão diferente quanto isso de vermos o National Geographic Channel e o Discovery Channel a contratarem o Morgan Freeman e o Jeremy Irons para narrar documentários sobre astronomia ou vida selvagem. E olha que há poucas coisas tão cativantes na televisão contemporânea como ouvir o Irons a falar dos hábitos predatórios dos ursos polares....

Quanto ao titulo, a coisa resume-se a uma palavra: Marketing. Junta-lhe americanos e tens a resposta.