21 de outubro de 2013

Ursula K. Le Guin (1929 - )

Numa época em que os veteranos do fantástico literário desaparecem talvez seja ainda mais relevante recordar Ursula K. Le Guin, uma das mais talentosas prosadoras de fantasia e de ficção científica vivas, e ainda em actividade. Natural de Berkeley, na Califórnia, Le Guin (nascida Ursula Kroeber) esteve na turma de liceu de outro dos grandes do género: Philip K. Dick. Os seus percursos, porém, dificilmente poderiam ser mais diferentes. Leitora ávida desde criança, e apaixonada pela fantasia literária de Carrol, Kipling e outros, começou a escrever muito cedo - e foi com apenas 11 anos de idade que conheceu a sua primeira rejeição, após submissão de um conto para a Astounding Science Fiction.

O interesse nascente pela ficção científica valeu-lhe a publicação, nos anos 60, de contos em outras revistas, como na Amazing Stories. E em 1966 publicou o seu primeiro romance: Rocannon's World, a primeira história longa do "Hainish Cycle", o universo ficcional no qual iria enquadrar boa parte da sua ficção científica: Planet of Exile (1966), City of Illusion (1967), The Left Hand of Darkness (1969), The Dispossessed: An Ambiguous Utopia (1973), The Word for World is Forest (1976, a partir de uma novela premiada), Four Ways to Forgiveness (1995) e The Telling (2000). Para além de inúmeros contos, como Winter's King ou Coming of Age in Karhide, entre muitos outros compilados ao longo dos anos em várias antologias. The Left Hand of Darkness, uma reflexão fascinante sobre a identidade sexual, é considerado um dos primeiros romances feministas no género - e é um dos mais aclamados livros da história da ficção científica; e The Dispossessed é uma poderosa alegoria à guerra fria e à utopia impossível (ou ambígua) dos ideais anarquistas. Ambos venceram os prémios Hugo e Nébula, tendo Le Guin sido a primeira autora a conseguir vencer ambos os prémios com os mesmos livros duas vezes.

Influenciada pela leitura de The Lord of the Rings, aventurou-se também na fantasia; mas, ao invés de seguir as pisadas do professor britânico optou por desenvolver um universo ficcional mais inspirado nas filosofias orientais. Com The Wizard of Earthsea, em 1968, expandiu em formato longo o fascinante mundo secundário de Earthsea, inaugurado quatro antes no conto The Word of Unbinding, publicado nas páginas da Fantastic; The Tombs of Atuan (1971), The Farthest Shore (1973), Tehanu: The Last Book of Earthsea (1990), Tales From Earthsea (2001) e The Other Wind (2001), assim como alguns outros contos, exploraram novas aventuras neste universo.

Mas a sua bibliografia não se resume ao ciclo "Hainish" ou a Earthsea: entre outras obras de destaque contam-se The Lathe of Heaven (1971), por duas vezes adaptada para filme, The Beginning Place (1980), Always Coming Home (1985), Lavinia (2008) e as histórias e poemas de Orsinia. As sua ficção curta encontra-se compilada em várias antologias: a mais recente, publicada no ano passado, intitula-se The Unreal and the Real: Selected Stories, e inclui um volume dedicado apenas ao fantástico.

Ursula K. Le Guin celebra hoje o seu 84º aniversário.

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