18 de fevereiro de 2013

A long time ago, in a galaxy far away, ou o regresso de Star Wars

Diria que a grande notícia da ficção científica dos últimos meses foi o anúncio de novos filmes da série Star Wars*. Há muitos anos que se falava dos episódios sete, oito e nove, planeados em tempos mas nunca realizados. A recente passagem da franchise para a Disney com o negócio multimilionário dos estúdios Lucasarts permitiu por fim desbloquear o projecto - e, ciente do seu valor comercial, a Disney não perdeu tempo: anunciou a continuação da história deixada mais ou menos em aberto em The Return of the Jedi (1983) com uma terceira trilogia, contratou J.J. Abrams para realizar o Episode VII (após vários nomes avançados) e se não tem alimentado rumores em redor de personagens secundárias mas icónicas (como Yoda), também não tem feito muito para os desencorajar.

Não tenho falado muito sobre este regresso de Star Wars, o que não quer dizer que não aprecie o universo de ficção científica criado por George Lucas. Pelo contrário: gosto bastante do Episode IV, considero The Empire Strikes Back um dos grandes filmes que o género conheceu (mesmo admitindo que o Império meteu o pé na argola em Hoth), e tenho Darth Vader como um vilão inesquecível. Há alguns anos - julgo que em 2006 - cheguei mesmo  a passar uma tarde fascinante na exposição Star Wars que esteve no Museu da Electricidade em Lisboa. Mas, em termos cinematográficos, a coisa ficou mais ou menos por aí. O Episode VI - The Return of the Jedi entusiasmou-me pouco (Ewoks?), e The Phantom Menace praticamente matou a saga para mim (ao ponto de apenas ter visto fragmentos de Attack of the Clones e de nunca ter tido interesse suficiente em ver Revenge of the Sith. Nos últimos meses, o SyFy Portugal fez uma "maratona" dos seis filmes de Star Wars, e gravei-os todos na box para, um dia destes, ver a série seguindo a sua cronologia narrativa. Ainda estou à espera do entusiasmo para tal empreitada.

A escolha de J.J. Abrams para realizar o Episode VII foi polémica sobretudo por Abrams já ser também o realizador dos novos filmes do universo de Star Trek (e há aquela rivalidade de décadas entre os dois universos "das estrelas"), mas também esse tema me passou um tanto ou quanto ao lado, interessando-me apenas como curiosidade. O que também é fácil de explicar: os mais populares trabalhos televisivos de Abrams (Alias, Lost) nunca me cativaram; e Star Trek ainda me desperta menos curiosidade do que Star Wars (estou muito longe de ser um trekkie), pelo que não só nunca acompanhei nenhuma das séries e dos filmes "clássicos" de Star Trek como também não vi ainda o reboot cinematográfico de Abrams. Os seus méritos enquanto realizador são-me por isso desconhecidos (apenas conheço as piadas a propósito do lens flare), e a rivalidade de universos nada me diz. 

Hoje, o regresso de Star Wars é algo que vejo com alguma curiosidade mas pouco interesse. É possível (talvez até provável) que assista ao Episode VII quando estrea. Não espero, porém, que a série (com ou sem a interferência de Lucas) volte a ter fôlego para uma produção do nível de um Empire Strikes Back, ou que Abrams tenha a coragem de correr riscos e dar um novo rumo ao universo (ou o apoio para tal, como a aparente obsessão pelos actores originais). Star Wars é sem dúvida uma referência, um capítulo relevante na ficção científica cinematográfica, mas em 2013 (ou 14 ou 15) estará sem dúvida muito longe de constituir uma novidade. 

*É perfeitamente possível - e porventura mais rigoroso - designar o universo de Star Wars como space fantasy e não ficção científica, dadas as "liberdades criativas" que George Lucas tomou no que à ciência diz respeito. Essa discussão é interessante, mas fica para outro dia; para o grande público, Star Wars sempre foi ficção científica, e é nesse género que continuarei a incluir os filmes. 

3 comentários:

Loot disse...

É curioso que o JJ Abrams na altura que realizou o 1º star trek disse (acho) que esses filmes precisavam de um pouco mais de star wars neles.

Eu gosto do novo star trek, é realmente mais dinâmico, ele cumpriu o que disse naquela frase, o que muitos gostaram e outros abominaram.

Uma coisa é certa, o homem tem um vasto conhecimento da saga. Star Trek está cheio de referências ao universo, os chamados easter eggs.

Nesse sentido, sinto alguma confiança nele neste novo desafio. Acho que vai respeitar a saga e tem tudo para fazer um bom trabalho. Oxalá que sim, e só tenho um pedido a fazer-lhe, eliminar a palavra midiclorianos da saga :D

Ah e Lost é altamente - apesar de não ter ficado satisfeito com o final.

Bráulio disse...

Concordo com tudo o que o Loot disse. :)
Mas também nunca fui fã de Star Trek. Tirando o filme do JJ Abrams, pouco vi dos outros e das séries nem se fala...

João, vê o Revenge of the Sith. Não sendo de perto um filme ao nível dos antigos, é de longe, muito longe, o melhor da "nova" trilogia. ;)

João Campos disse...

É como te digo, Loot, do Abrams não tenho opinião - nem positiva nem negativa. Diga-se em abono da verdade que a maior parte das pessoas com quem falei sobre o Star Trek me disse muito bem do filme. E não, não há nenhum mal em realizar agora Star Wars. Enquanto "browncoat" convicto, é-me irrelevante :)

Bráulio, tenho os filmes todos enfiados na box. É só arranjar paciência para a maratona.