23 de agosto de 2012

No pequeno ecrã: Battlestar Galactica, ou como a televisão alcançou o cinema na Ficção Científica

Eu disse que costumo chegar tarde à festa - isto vale não só para videojogos, mas também para filmes, séries e livros. Com quase uma década de atraso, finalmente decidi ver a mini-série de dois episódios que constituiu o piloto de Battlestar Galactica (a mais recente), assim como o primeiro episódio da primeira temporada (33). Impressionante a todos os níveis. Deixarei mais impressões sobre a série à medida que for vendo as várias temporadas - o que é capaz de demorar algum tempo, dada a dificuldade em encontrá-las hoje em dia*.

No entanto, a minha recente descoberta de Battlestar Galactica é apenas um pretexto para a reflexão que de facto é o objectivo deste artigo**. É comum dizer-se que a última década foi fraca no que à ficção científica diz respeito, com alguns filmes bons mas sem nenhum filme verdadeiramente marcante (não, ainda não vi Moon) - o que não é de todo verdade, mas já lá irei. Na televisão, contudo, essa tendência parece ter sido invertida: Futurama, Firefly, Battlestar Gallactica, Ghost in the Shell: Stand Alone Complex, Stargate: Universe (não acompanhei, mas dizem-me que era muito boa), Doctor Who (não acompanho mas julgo ser de culto), Fringe e, mesmo a acabar a década, a primeira temporada de The Walking Dead (e, vá lá, Lost - série que nunca me interessou e que, para mal dos nossos pecados, deixou como legado Damon Lindeloff)***. É certo que o cinema está a negar-nos há anos algo do calibre de The Matrix, mas a televisão tem sido bastante generosa para com a ficção científica - e com óptimos resultados.

Não quero com isto dizer que a última década não teve filmes de ficção científica memoráveis. Daqueles que vi, destacaria, não necessariamente por esta ordem, Serenity (claro), Paprika, Children of Men, The Eternal Sunshine of the Spotless Mind, A Scanner DarklyThe Dark Knight (caso queiramos entrar no subgénero dos super-heróis), Avatar (não deixa de ser impressionante), V for Vendetta e, com algum jeitinho, Watchmen e Inception (que julgo terem mais mérito do que aquele que lhes concedo). Não vi (ainda) Moon, District 9, Sunshine, Pitch Black, Star Trek, Donnie Darko, 28 Days Later, The Girl Who Leapt Through Time, e decerto mais um ou dois de que me estou a esquecer. Dadas as constantes referências julgo que todos estes filmes são bons e enriqueceram o género;, ainda que nenhum deles possa ter tido a dimensão de clássicos como The Matrix, Blade Runner ou Alien. Já séries televisivas como Battlestar Galactica e The Walking Dead conseguiram, por mérito inteiramente próprio, obter uma elevada aclamação crítica e atrair espectadores que à partida não veriam ficção científica - algo que merecerá sempre destaque.

*O que não deixa de me surpreender, quando consigo encontrar com muita facilidade - e a bom preço - séries mais antigas, como The X-Files, ou séries que sendo também muito boas, nunca tiveram a mesma aclamação crítica, como Oz. Para não falar da facilidade com que se encontra nas lojas tudo o que é série cómica dos últimos 20 anos, independentemente de ser de facto divertida ou não. Como sempre, quem gosta de ficção científica fica na ponta do corno. 

**Na verdade, este artigo começou por ser apenas um pequeno apontamento sobre a minha descoberta de Battlestar Galactica. Não sei bem como cheguei até aqui. 

***Não deve ser novidade para ninguém que acompanhe este blogue que,  entre as minhas séries preferidas, estão Firefly, Ghost in the Shell: Stand Alone Complex e The Walking Dead. Vamos ver se Battlestar Gallactica se junta ao grupo.

4 comentários:

Nuno Mestre disse...

Ao ler o post reparei que já vi todos os filmes que fazes referência e praticamente todas as séries (Doctor Who não sigo mas vejo um episódio ocasionalmente e faltam-me ver vários episódios de Fringe e The Walking Dead).
Dos filmes que te estás a esquecer, existe um que considero uma pequena pérola feito com um orçamento de sete mil dólares, chamado Primer.
Adorei Battlestar Galactica, foi uma série muito bem conseguida.
Stargate: Universe foi para mim muito interessante e um bom afastamento das séries anteriores de Stargate, mas que muitos fãs não gostaram por ter seguido uma abordagem mais sombria na onda de Battlestar Galactica.

Jorge Teixeira disse...

Boa ideia, esta do post. De facto, a televisão tem dado à ficção científico mais do que alguma vez deu, não necessariamente em qualidade (que até existe e muito) mas sobretudo em quantidade, que por muito que queiramos dizer que é mau, eu acho que é sempre de louvável divulgar e tentar angariar mais fãs ao género, ainda que os produtos não seja sempre bons.

Em televisão (que não é o meu forte) tenho como grande referência Fringe e Lost (que adoro, mas em que reconheço muitas falhas). Nunca vi Battlestar Galactica, embora tenha-a aqui para ver há imenso tempo (isto das séries é mais complicado porque envolve muito tempo), mas talvez agora com este "empurrão" me decida a começá-la. Talvez.

Nos filmes, e para além dos que referiste (o Moon é muito bom, aconselho) realço Star Trek (2009, do Abrams - bela adaptação a renovar o interesse pela saga), WALL-E (excelente), e The Man from Earth (2007 - que se ainda não viste, aconselho muito, urgentemente...eheh, é diferente, num regime de pouco orçamento em que as ideias e a história nos envolvem de tal modo que é simplesmente viciante).

Cumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo

João Campos disse...

Já me levas uma bela vantagem, Nuno!

De facto, já me falaste do Primer. Bem apanhado (também ainda não vi)

A propósito de Stargate: Universe lembrei-me daquilo que tu e a Ana me dizem frequentemente da série, dado que não vi um único episódio. Lembro-me de gostar muito de SG-1 nos anos 90, e de ao ver Stargate: Atlantis pensar que a coisa estava muito fraquinha.

Abraço.

João Campos disse...

Jorge,

Podemos de facto falar em quantidade - mas nesse campo também o cinema é muito profícuo. Então agora que a moda do remake - perdão, do reboot - pegou…

Vi o primeiro episódio de Lost há vários anos. Achei o conceito interessante, mas não me interessou por aí além. Aliás, nem imaginava que aquilo viesse a ser uma série de ficção científica - descobri isso mais tarde, nas vésperas da estreia da última e polémica temporada, quando a Fox deu um resumo de toda a série num episódio de uma hora. Lembro-me que a minha reacção foi "holy crap, wtf?" Mas continuou a não me entusiasmar.

Tenho Moon para ver praticamente desde o lançamento. Star Trek nunca me fascinou, admito (isto é blasfémia para um fã de ficção científica, certo?). Não vi ainda o Wall-E, e não tinha ouvido falar do The Man from Earth. Vou investigar (obrigado pelas sugestões).

Cumprimentos