3 de julho de 2012

A Ficção Científica e o Cinema: Star Wars Episode IV: A New Hope

Qualquer análise de rigor científico demoliria Star Wars (George Lucas, 1977) em menos tempo do que o necessário para a Millennium Falcon completar a famosa Kessel Run. Há o hiperespaço, há sons e explosões no vazio do espaço, há uma instalação espacial - a Death Star - que consegue ter energia suficiente para estoirar um planeta com uma railgun sofisticada (isto para nem falarmos da sua construção), há naves de combate a voarem no espaço como um caça voaria num planeta com atmosfera, há os lightsabers.... enfim: a lista é infindável. A questão é que, quando falamos de Star Wars, o rigor científico não interessa para coisa alguma: o que verdadeiramente importa é a narrativa, as personagens e a aventura. É o filme em si. E enquanto filme, Star Wars é uma pérola, um clássico instantâneo de 1977 que continua hoje a ser um filme extremamente bom, superior a muita da ficção científica que se tem filmado ultimamente. 

Isso é facilmente comprovado por uma constatação simples: não se fala de ficção científica no cinema sem falar de Star Wars. Com tudo o que lhe está associado, claro: personagens inesquecíveis como Luke Skywalker, Leia, Han Solo, Chewie, Darth Vader e os andróides C-3PO e R2-D2; naves formidáveis como a gigantesca Death Star, a ágil Millennium Falcon e as naves de combate mais pequenas como os X-Wing e os TIE Fighters... enfim, a iconografia é vasta e fascinante. Mesmo quem não aprecia a ficção científica e tem pouca paciência para space operas reconhecerá imediatamente a imagem de um horizonte com dois sóis, os walkers do Império ou o vulto escuro de Darth Vader, um dos grandes vilões da história do cinema. E os lightsabers, claro, com aquele zumbido inconfundível, protagonistas de algumas das melhores cenas de combate que o género conheceu no grande ecrã. Sem esquecer a Força, a space magic de serviço. 


A aventura, essa, é sobejamente conhecida. A long time ago, in a galaxy far, far away, preparava-se uma guerra civil entre o Império e a Aliança Rebelde, e a princesa Leia Organa encontra-se em fuga, tendo roubado os planos da Death Star, uma tremenda estação espacial com poder de fogo suficiente para destruir planetas inteiros. Antes de ser capturada, consegue esconder os planos dentro do andróide R2-D2 e enviá-lo com o inseparável C-3PO para Tatooine (o famoso planeta desértico com dois sóis), na esperança de que o velho guerreiro Jedi Obi-Wan Kenobi os encontre. Quem no entanto acaba por tropeçar nos andróides é Luke Skywalker, um jovem que sonha com uma vida noutros mundos sem imaginar que o seu futuro lhe reserva um lugar destacado no conflito que se avizinha.


É certo que Star Wars não é exactamente uma obra original - tanto na narrativa como nos aspectos visuais, foi buscar influências a inúmeras obras literárias e cinematográficas, de Dune a Flash Gordon, da obra de Akira Kurosawa a narrativas mitológicas como as lendas arturianas. Essa combinação de elementos, contudo, não lhe retira mérito algum, e a narrativa flui a um ritmo excelente suportada por uma trama sólida e twists mais do que suficientes. A isso junta-se uma componente visual soberba e muito influente, e uma banda sonora inesquecível, sem dúvida uma das mais memoráveis da história do cinema. Em resumo, os seus defeitos (também os tem) são largamente superados pelos seus méritos, e Star Wars tornou-se na referência e na medida para qualquer aventura espacial, colocando bem alta a fasquia. A todos os níveis, um clássico. 9.4/10



Sem comentários: