1 de maio de 2012

A ficção científica e o cinema: The Fifth Element

The Fifth Element (Luc Besson, 1997)  pode não ser o melhor filme de ficção científica que por aí anda. Não tem um argumento intricado como Matrix, ou a grandiosidade épica de um Star Wars, o ambiente de um Alien ou as extraordinárias componentes visuais e filosóficas de um Blade Runner. Nem por isso, contudo, é um filme menor; pelo contrário, é um filme surpreendentemente sólido, com momentos divertidos, e com um enredo e uma realização que, apesar das suas falhas, funcionam muito bem.

É, todavia, no elenco que reside a grande força de The Fifth Element. Vejamos: Bruce Willis como Korben Dallas, o taxista e antigo militar que se torna num relutante herói galáctico? Perfeito. Milla Jovovich no papel da ingénua Leeloo, a damsel in distress da história e o "quinto elemento" que pode salvar o Universo das trevas emergentes? Excelente. Gary Oldman como Jean-Baptiste Emanuel Zorg, o vilão que almeja poder ilimitado? Confere, e não se pode pedir muito mais do que isto - é o velho Oldman em mais uma interpretação over the top e deliciosa. Mas há mais: ainda temos Ian Holm no papel do padre Vito Cornellius, guardião da antiga profecia sobre o retorno das trevas e a utilização do tal "quinto elemento", juntamente com os clássicos quatro, para eliminar o mal; e, claro, Chris Tucker de um famoso, excêntrico e completamente histérico (ao ponto de se tornar irritante) apresentador. 

A história, essa, é simples: a cada cinco mil anos, surge no Universo o Great Evil que ameaça toda a vida. Em 1914, os Mondoshawans, uma civilização extra-terrestre, retiram da Terra a única arma capaz de parar a destruição: quatro pedras representando os quatro elementos clássicos (fogo, água, terra e ar) e um "quinto elemento" que combina o poder dos restantes quatro. Para trás, deixam um padre para guardar a profecia, e a promessa de regressarem com os elementos quando tal for necessário. Ora o Great Evil regressa, os Mondoshawans tentam voltar mas são abatidos no espaço, e do tal "quinto elemento" apenas sobra o suficiente para fazer uma reconstrução alienada, que acaba por cair (literalmente) no táxi de Korben. E daí para a frente é o descalabro, com um enredo rápido e repleto de acção, com alguns momentos memoráveis (a ópera no cruzeiro especial, por exemplo), tropes abusadas ao ponto da paródia (a própria história, com aquelas personagens, é uma trope gigantesca a rir-se de si mesma) e muito humor. 

Como disse no início, The Fifth Element está longe de ser um grande filme de ficção científica. Mas, à sua maneira, considero-o um clássico: tem um visual único e original, uma narrativa magnética suportada por bons desempenhos e muita diversão. É entretenimento puro - o que, com franqueza, está longe de ser um defeito. Muito pelo contrário. 8/10





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