11 de maio de 2012

The City and the Stars

De que falamos quando pensamos em ficção científica num futuro distante? A ficção científica, nas suas diversas formas, produziu várias respostas ao longo dos anos, e a tecnologia evolui até ao ponto em que a humanidade consegue viajar a velocidades superiores às da luz (ou encontrar uma estratégia que permita obter os mesmos resultados de outra forma) e colonizar as estrelas mais distantes. A noção de império galáctico não é de todo estranha ao género. No entanto, fica a pergunta: o que acontece após a Humanidade conquistar as estrelas? 

The City and the Stars, de Arthur C. Clarke, ensaia uma resposta possível numa obra admirável. Expandindo o seu primeiro trabalho publicado, a noveleta Against the Fall of Night (título formidável que devia ter permanecido), The City and the Stars situa-se, em termos cronológicos, mais distante no tempo do que qualquer outra obra de ficção científica que tenha lido: mais de mil milhões de anos no futuro. A sua história não tem lugar em qualquer outro planeta ou galáxia, mas na cidade fechada de Diaspar: a última cidade que existe numa Terra devastada e árida cujos oceanos há muito se evaporaram, o último reduto da Humanidade que vive pacificamente entre muros depois de ter conquistado e perdido as estrelas. Ninguém sai ou deseja sair de Diaspar - aliás, ninguém se lembra da última vez em que alguém saiu de Diaspar. Nela, os seres humanos não nascem - são criados artificialmente pelas máquinas que mantém a cidade. As mentes e as memórias individuais são preservadas e atribuídas aos novos cidadãos quando estes "nascem", e apenas uma pequena parte da população potencial de Diaspar vive a cada momento. 

Esta regra, porém, tem algumas excepções muito raras - como o caso de Alvin, o protagonista. Alvin é um Único - foi concebido sem memórias, é alguém que não possuiu outra vida antes, e que não tem assim quaisquer memórias de Diaspar. Ao contrário dos seus conterrâneos, Alvin não teme o exterior, e deseja deixar a protecção da cidade e saber o que existe fora dela. Eventualmente consegue-o - e fora dos muros fechados de Diaspar encontra um mundo que supera a sua imaginação.

The City and the Stars é um livro sobre o impulso humano de querer chegar mais longe. De descobrir, de explorar, de nos superarmos a cada demanda. É uma história sobre a superação do medo, sobre o desconhecido que tememos, que frequentemente embrulhámos em lendas ambíguas para justificar os nossos medos sem querer admitir a sua existência. É também um livro sobre a utopia, com a última sociedade humana a viver uma existência quase imortal e sem ambição entre as paredes de Diaspar, num mundo fascinante concebido por Arthur C. Clarke. 

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